Cerca de uma dúzia de pessoas passeia por aquela que antes fora a loja do antigo edifício-sede do “Diário de Notícias”, no número 266 da Avenida da Liberdade, para ver vários exemplos daquela “que foi talvez a mais eficaz arma do regime da ditadura”: a censura. Livros, jornais, revistas, ilustrações, discos, filmes e peças de teatro, nada escapava ao poder do lápis azul e vermelho que escondia “o país que não podia vir a público” e pintava “uma imagem de Portugal pacificado, inerte, pouco conflitual, sem grandes violências, mais de bons costumes do que maus”, nas palavras do historiador e ex-eurodeputado José Pacheco Pereira.
A exposição “Proibido por inconveniente. Materiais das Censuras no Arquivo Ephemera”, inaugurada a 7 de abril, tem como objetivo principal mostrar o que é liberdade, pela sua negação, e revela de que forma a censura – instaurada após o golpe de 28 de maio de 1926 e em vigor até 1974 – pretendia amordaçar o país real. Comissariada por Júlia Leitão de Barros e Carlos Nuno, nasce de uma parceria entre a EGEAC e a biblioteca e arquivo de Pacheco Pereira, cujos exemplares foram adquiridos a partir de compra, leilão ou doados por terceiros.