“A mulher não se define nem pelas suas hormonas nem pelos instintos misteriosos, mas pela forma como recaptura, através de consciências estranhas, o seu corpo e a sua relação com o mundo”, escreveu Simone de Beauvoir em “O Segundo Sexo”. As palavras da filósofa e romancista francesa têm uma ressonância particular e interessante na moda. Entre as duas guerras mundiais, Paris, já capital indiscutível da alta-costura, foi palco de um movimento de mulheres repleto de talentos criativos e também de empreendedorismo. Naturalmente, o ímpeto feminino para assumir o controlo do (seu) corpo já vinha de trás. Se o grande Paul Poiret é lembrado na história da moda por ter libertado as mulheres do espartilho, esta história não é mentira, mas também não é inteiramente verdade.
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O fim dos espartilhos foi uma revolução na moda e na vida das mulheres
O paradigma da relação entre o corpo e o vestuário mudou para sempre no início do século XX. Constrangido durante séculos, prisioneiro de um ideal muitas vezes próximo da alienação, o corpo foi libertado e assumido na sua real fisicalidade