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A Revista do Expresso

A espacial cortina de ferro: China e EUA preparam-se para protagonizar uma nova era da expansão da Humanidade

A Lua ganhou brilho e Marte ficou mais apetecível. A competição já levou a embargos, trocas de acusações e destruição de satélites

Do gabinete que o presidente da Agência Espacial Portuguesa (AEP) ocupa em Lisboa até ao local que recebeu a primeira bandeira dos EUA na Lua vão 363 mil quilómetros, na menos distante das hipóteses. As órbitas pouco ou nada mudaram, mas nas últimas cinco décadas a sensação de proximidade não parou de crescer. “Os americanos nunca disseram que a Lua é deles, mas puseram lá as bandeiras. O Tratado do Espaço Exterior (TEE) ainda serve de farol para os países fazerem algo em comum, mas isso não nos impede de pensar: e se os chineses quiserem tirar as bandeiras americanas?”, adianta Ricardo Conde. É que quando se trata de missões espaciais, ninguém pode garantir como acabam.

Os EUA lideram, com a colocação de bandeiras no Mar da Tranquilidade, no Oceano das Tempestades, em Taurus–Littrow, no Planalto de Descartes, no Hadley-Apennine e na Formação Fra Mauro. Mas em 2020 passaram a ter vizinhança, com a alunagem da sonda não tripulada Chang’e-5, que não se ‘esqueceu’ de colocar a bandeira chinesa antes de regressar à Terra com amostras de subsolo lunar do denominado lado oculto da Lua — um feito que passou no Ocidente com relato meramente factual, talvez porque a indústria espacial que vai de Helsínquia a São Francisco preferiu guardar emoções para a missão Artemis I, que descolou do Centro Espacial Kennedy, nos EUA, a 16 de novembro e regressou a 11 de dezembro à Terra, para dar início a um programa liderado pela NASA que deverá recolocar humanos na Lua provavelmente em 2025.