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A Revista do Expresso

O espaço que ainda há no Espaço

Há cada vez mais satélites em órbita e chegará o dia em que será preciso definir um código para o tráfego espacial. O risco de colisões aumenta e também o lixo que é preciso aprender a recolher

Ilustração Cristiano Salgado

O Espaço está longe de parecer a Ponte 25 de Abril num final de tarde ou uma VCI em hora de ponta. Mas nas chamadas órbitas baixas em torno da Terra são já milhares os satélites, ativos e não ativos, que nelas viajam. E com o ritmo de lançamento a intensificar-se — só nos últimos anos, a SpaceX de Elon Musk enviou perto de três mil e o objetivo é chegar a uma constelação superior a 40 mil —, chegará o dia em que, tal como numa estrada movimentada, a circulação vai complicar-se.

“Calcula-se que quando existirem 20 mil satélites já teremos um trânsito congestionado”, com choques a acontecer e perdas de objetos pelo caminho, gerando ainda mais lixo espacial, indica Nuno Peixinho, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e da Universidade de Coimbra. O problema é que no Espaço não existem semáforos, prioridades, travões nem um ‘código da estrada’ escrito e seguido por todos. “É provável que um dia venha a haver uma agência formal internacional para regular toda esta circulação em órbita, provavelmente com quotas por país, reguladas por um direito espacial que ainda não existe”, antecipa Nuno Peixinho. Por agora, fica tudo nas mãos dos países, agências espaciais e cada vez mais empresas que os lançam e que são responsáveis pela movimentação e retirada de órbita dos objetos espaciais. Tudo no cumprimento de uma série de “boas práticas” estabelecidas, mas não obrigatórias.