Exclusivo

A Revista do Expresso

A velhice nunca vem só: idosos portugueses são dos que têm menos saúde e qualidade de vida a nível europeu

Quantos anos de vida saudável temos? Em Portugal, muito poucos: faltam políticas públicas e recursos humanos para apoiar e integrar uma população cada vez mais envelhecida

Cristiano Salgado

Em março, o médico e investigador José Pereira da Silva publicou os resultados de um estudo com cerca de dois mil idosos: tinham todos mais de 70 anos, autonomia motora, estavam aptos do ponto de vista mental e não registavam quaisquer diagnósticos graves nos últimos cinco anos. Resumindo, “estavam razoavelmente bem de saúde à partida”, diz este reumatologista do Centro Hospitalar de Coimbra.

O estudo envolveu cinco países — Alemanha, França, Suíça, Áustria e Portugal — e concluiu que os portugueses não estavam assim tão bem de saúde. Pouco mais de um mês depois, o Eurostat publicou dados que confirmam isso: Portugal é um dos Estados-membros onde homens e mulheres vivem menos tempo livres de qualquer incapacidade ou limitação.

“Portugal é de longe o país [entre os cinco] com maior prevalência de vulnerabilidades na sua população idosa e ao mesmo tempo tem os níveis mais baixos de envelhecimento saudável”, explica Pereira da Silva, acrescentando que o país está mal numa série de indicadores sobre a saúde dos seus idosos: capacidades cognitivas, excesso de peso, dependências, carência de ferro, carência de vitamina D, entre outros.