Esta é a história de três startups que alcançaram o estatuto de “unicórnio” — o que em português corrente significa que receberam investimentos que as valorizaram em pelo menos mil milhões de dólares — antes de implodirem de forma espetacular, fazerem correr rios de tinta nos jornais, tornarem-se tópico de livros, podcasts, documentários e, desde 2022, também de séries de ficção baseadas em factos bastante verídicos. Esta é também a história de três séries sobre mitómanos e impostores em Silicon Valley que se estrearam nos Estados Unidos nas últimas semanas e que o público português pode finalmente ver: “WeCrashed”, na plataforma de streaming Apple+ (desde 18 de março), sobre a história da WeWork e do seu ideólogo, o israelita Adam Neumann; “Super Pumped”, a nova antologia da HBO (desde 12 de abril) cuja primeira temporada é dedicada à Uber e ao seu infame CEO, Travis Kalanick; e “The Dropout”, na Disney+ (a partir de 20 de abril), sobre a Theranos de Elizabeth Holmes, em tempos a mais jovem empreendedora bilionária do mundo, entretanto condenada por fraude.
Pelo menos desde a viragem do milénio que criadores de startups passaram a receber doses de idolatria equiparáveis às de estrelas de rock. Foi um tempo em que Steve Jobs era considerado um deus entre os homens e qualquer microempresa fundada em Silicon Valley tinha por objetivo mudar o mundo e disromper o mercado no qual se inseria. Foi nesse ambiente de profetas do empreendedorismo que vários jovens criadores de startups começaram a ganhar notoriedade nos Estados Unidos, antes de caírem em desgraça.