Ele aí está, o filme que torna real a ‘impossível’ adaptação da saga de Frank Herbert a chegar às salas de cinema neste princípio de quase-normalidade (pelo menos na Europa ocidental, lugar rico e em paz). Nesta chegada, joga tudo, incluindo a hipótese de se completar.
Com efeito, o quebequense Denis Villeneuve não pôs em “Duna” todo o arco narrativo do livro de Herbert, deixando a ação no ponto em que o herói (Paul Atreides/Timothée Chalamet) contacta e consegue a confiança dos Fremen, o povo que vive no desértico planeta Arrakis de onde vem a mágica ‘especiaria’ sem a qual não há navegação interestelar possível. O resto da narrativa - na realidade, toda a resistência e luta contra o despótico Império que governa a galáxia - ficará para um filme a haver - e que, todavia, só foi garantido depois de os resultados de bilheteira de “Duna” se revelarem interessantes para os investidores.
Tanto quanto lembro, foi a primeira vez que algo assim aconteceu. George Lucas argumentou que sempre pensara “Star Wars” como um painel de três trilogias, mas a verdade é que, quando fez o filme inicial, ele fazia sentido só por si e não precisava de sequelas ou de prequelas. De igual modo se dirá de Francis Ford Coppola que imaginou “O Padrinho” em dois andamentos, mas fechava o primeiro com a morte de Vito Corleone e o espectador não se sentia com falta de alimento ficcional.