O presidente do PSD defendeu esta quarta-feira que as perspetivas de crescimento da economia não estão de acordo com o que os cidadãos, com baixos salários, sentem no seu dia-a-dia. "É melhor melhorar do que piorar, mas não está a chegar à vida das pessoas, que olham para esses números e não veem um reflexo na sua vida. No país real, no país das pessoas, há baixos salários, dificuldades em pagar as contas mais essenciais e também uma grande dificuldade na retenção, nomeadamente dos jovens, que são a mão de obra mais qualificada que temos", afirmou Luís Montenegro, à margem de um encontro com jovens do Politécnico de Leiria.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em alta o crescimento da economia de Portugal de 1% para 2,6%, mas recomendou ao Governo que aposte em "medidas para aumentar o desempenho das receitas de forma sustentada e melhorar a composição e a eficiência da despesa".
"As reformas fiscais devem ir no sentido de eliminar distorções, reverter taxas de IVA reduzidas e racionalizar despesas fiscais. Modernizar o sistema tributário, incluindo a digitalização da administração tributária, melhoraria a eficiência fiscal. Impostos mais elevados sobre o património aumentariam a receita e ajudariam a aliviar as pressões sobre os preços das casas", referiu.
Luís Montenegro afirmou que existem "constrangimentos no mercado de habitação em Portugal, e em particular o de não haver medidas que possam atenuar os efeitos do aumento das taxas de juro".
"Temos hoje muitas famílias, muitos jovens, que estão a ter aumentos muito significativos das suas prestações de crédito à habitação e cabe ao Estado encontrar soluções, que podem passar pela renegociação dos contratos ou pelo aumento das maturidades. temos apresentado várias soluções no Parlamento, continuaremos a fazê-lo. A verdade é que no dia a dia essas soluções não estão a chegar à vida dos jovens portugueses", reforçou.
Falta de mão-de-obra qualificada
Horas antes, o líder do PSD tinha realçado a falta de mão-de-obra qualificada, apesar de os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) apontarem para um aumento da taxa de desemprego no primeiro trimestre do ano. A taxa de desemprego aumentou para 7,2% no primeiro trimestre, valor superior em 0,7 pontos percentuais à do trimestre anterior e em 1,3 pontos percentuais à do trimestre homólogo de 2022, divulgou hoje o INE.
Luís Montenegro, que visitou uma empresa na Marinha Grande e o turismo de natureza em Porto de Mós, no distrito de Leiria, afirmou que as empresas estão a "lidar com alguns constrangimentos do ponto de vista dos cursos do contexto, dos acréscimos de produtividade e de competitividade para poderem entrar nos mercados e venderem os seus produtos, com grandes lacunas de mão-de-obra, que cada vez mais se sente um pouco por todas as atividades económicas".
Salientando que Leiria é um "distrito altamente industrializado, com uma capacidade empreendedora muito significativa e com boas empresas", Montenegro verificou que "as empresas têm necessidade de mais mão-de-obra qualificada".
"Muita dessa mão-de-obra existe em Portugal, mas está a fugir para o estrangeiro nomeadamente as dezenas milhares de jovens, que todos os anos procuram oportunidades de emprego além-fronteiras por várias razões, que têm a ver com uma carga fiscal muito elevada, com perspetivas de rendimentos mais elevados, de uma qualidade de vida mais satisfatória e para aqueles que são os seus objetivos", acrescentou.
No setor do turismo, "pude constatar que temos hoje potencialidades muito grandes para explorar, nomeadamente no turismo ecológico, na questão da ligação entre os recursos naturais, natureza e o acolhimento de turistas".
"Tenho falado com muita gente nos vários empreendimentos, hotéis, restaurantes por onde passo, e têm uma grande falta de mão-de-obra", insistiu.