Há países em que um diretor-geral de um organismo público tem mais poder que o ministro que tutela a área, mas Portugal não é um deles. Ao longo dos anos os dirigentes na Administração Pública foram perdendo autoridade, poder e estatuto, e “hoje ser dirigente da Administração Pública é uma profissão de risco, sobretudo em termos reputacionais”, diz Paulo Areosa Feio, atualmente diretor do PlanAPP - Centro de Competências, de Planeamento e de Prospetiva da Administração Pública.
Paulo Areosa Feio é um dos “ministros sombra” desafiados pelo Expresso a encarnar o papel de “ministro do Serviço Público”, e, nesta questão, está completamente alinhado com o advogado Paulo Veiga e Moura, que se juntou ao desafio: “hoje quem vai dirigir só vai por espírito de missão”.
A forma como os quadros dirigentes são nomeados é outro ponto de convergência entre os dois especialistas. A CReSAP, comissão de recrutamento do Estado criada pelo governo do PSD e do CDS para alegadamente despartidarizar a Administração Pública, não funciona. Mais vale acabar com “esta hipocrisia” de concursos que simulam imparcialidade para cargos que são eminentemente de confiança política, consideram os especialistas.
Ao longo da conversa com o Expresso, os dois convidados falaram ainda sobre a qualidade dos serviços públicos, apresentaram propostas de melhoria e comentaram os programas eleitorais nesta área.
No fim, disseram o que fariam se fossem ministros do Serviço Público por um dia.
Texto corrigido para precisar que a CReSap foi criada pelo Governo PSD/CDS e não pela PàF, coligação eleitoral que os dois partidos criariam apenas para as legislativas de 2015. O nosso agradecimento à leitora que alertou para a imprecisão