Exclusivo

Legislativas 2024

Ministério da Longevidade: "Metade das crianças que nascem agora vão passar a barreira dos 100 anos" e a sociedade tem de preparar-se

Ministério Sombra é uma iniciativa do Expresso em que desafiamos especialistas a vestirem a pele de ministro por um dia nas suas áreas de competências. No Ministério da Longevidade, a demógrafa Maria João Rosa e a médica especialista em geriatria Sofia Duque falam do que é ser velho e das respostas que é preciso ter para uma sociedade que vai viver melhor durante mais tempo

A frase é da demógrafa e investigadora Maria João Valente Rosa e encerra em si não só o espanto, mas a mudança que será necessário operar numa sociedade construída e organizada em função de uma pirâmide demográfica que já não existe e que vai mudar ainda mais.

Vai haver mais pessoas a viver mais tempo e com mais tempo de vida saudável. A mudança está à vista de todos. Uma pessoa de 65 anos hoje não é, em termos de saúde e de expectativa de vida, saudável, igual ao que era há 30, 40, 50 anos, quando tantas e tantas regras que definem a vida em sociedade foram definidas.

Faz então sentido falarmos de velhos, ou, pior, de idosos, aos 65? A médica Sofia Duque desconstrói esta ideia de que todos são iguais e que chegados aos 65 todos precisam de prioridade nas filas do supermercado, ou, pior, que todos devem deixar de trabalhar.

“A reforma muitas vezes faz mal à saúde”, vaticina Sofia Duque, para explicar que é pouco tempo após deixarem as suas profissões que os pacientes lhe entram pelo consultório a pedir comprimidos para dormir, com ansiedade, depressão, etc.

Quer isto dizer que devemos trabalhar até aos 80? Não é assim tão simples.

Maria João Valente Rosa gosta de falar de “propósito”. Podemos não fazer o mesmo trabalho que fizemos durante 30 anos, mas ter por exemplo outro ofício. Adaptar o trabalho à fase da vida é crucial. E a demógrafa propõe um revolucionário modelo de distribuição dos tempos de formação, trabalho e descanso ao longo destas vidas que serão cada vez maiores, mas também se querem melhores.