Autárquicas 2025

Carlos César faz das autárquicas uma batalha entre PS e Chega: "Nunca a vitória do PS significou tanto para a vitória da democracia"

Com o PSD inclinado para o partido de Ventura, o PS, sugeriu o presidente do partido, é o garante da democracia.

José Luís Carneiro e Carlos César, na convenção autárquica do PS
Paulo Cunha

De um lado o PS democrático, do outro o Chega (e o PSD, que os socialistas querem pôr no mesmo saco). É assim que o PS quer travar a batalha das autárquicas e é nesta dicotomia que vai fazer campanha eleitoral. Numa intervenção na convenção autárquica do PS, que decorre este sábado em Coimbra e que marca a rentrée socialista para o ciclo político que aí vem, o presidente do partido Carlos César deixou críticas ao Governo na gestão dos incêndios e da crise do SNS, mas também na proximidade que vai mantendo com o Chega em várias matérias. Com o PSD inclinado para o partido de Ventura, o PS, sugeriu, é o garante da democracia. "Nunca a vitória do PS significou tanto como agora para a vitória da democracia portuguesa", atirou.

Segundo Carlos César, o manifesto que os autarcas vão assinar e que, como o Expresso noticiou, é uma espécie de pacto anti-Chega, é a prova disso mesmo: "O manifesto dos autarcas vem nesse sentido, há uma preocupação de discernimento e não de palavras de fachada e bravatas de ocasião", disse o presidente do PS, sublinhando que o compromisso escrito estipula uma "exigência de sentido ético de conduta e humanismo da ação", mantendo a agulha e a "atenção prioritária" dos autarcas onde ela deve estar: na integração de imigrantes, habitação acessível, saúde e educação.

O compromisso em questão, como o Expresso escreveu, tem um ponto diferente do manifesto que os autarcas assinaram em 2021, e prevê justamente impedir que os autarcas do PS em qualquer ponto do país façam alianças pós-eleitorais com o Chega para garantir a governabilidade das suas câmaras municipais. Uma vez que no PSD não existe essa linha vermelha, o PS quer distinguir-se desta forma e afirmar-se como o partido anti-Chega.

"Não pedimos aos nossos autarcas fidelidades partidárias, mas fidelidade aos seus eleitores. Se eles forem capazes de ouvir e agir com competência, não só merecem todas as vitórias como prestigiam a democracia e honram as ambições do PS", disse Carlos César, deixando críticas ao Governo de Luís Montenegro e afirmando que o "país vive momentos de incerteza", numa altura em que o PS foi empurrado para o terceiro lugar nas legislativas de maio e onde o Chega já aparece em primeiro lugar numa sondagem divulgada esta sexta-feira.

Antes, à entrada da Convenção, José Luís Carneiro tinha sugerido que essa sondagem serve apenas os interesses de um candidato da direita nas presidenciais (referindo-se a Luís Marques Mendes), e tinha deixado claro que o plano do PS passa por reconquistar a confiança dos cidadãos território a território, autarquia a autarquia, até voltar ao parlamento nacional.