Política

"Não acham estranho?" Líder do PS sugere que a sondagem que mostra Chega em primeiro lugar serve interesses de um candidato a Belém

José Luís Carneiro acredita que a sondagem serve para levar Ventura a sair das eleições presidenciais, beneficiando candidatura "da direita" (sem nunca referir nome de Marques Mendes)

José Luís Carneiro, líder do PS
MANUEL FERNANDO ARAUJO

No tiro de partida para as autárquicas de 12 de outubro, o PS reúne-se em Coimbra para um evento que lança a campanha eleitoral. À chegada ao Convento de São Francisco, o secretário-geral José Luís Carneiro fixou a meta no topo: ser o partido com mais câmaras, mais freguesias e mais Assembleias Municipais. "Queremos ser o primeiro partido com mais votos no país", disse, apesar de, atualmente o PS ser o terceiro partido em termos nacionais, tendo ficado pela primeira vez atrás do Chega nas legislativas de maio.

A esse propósito, questionado sobre a mais recente sondagem da Aximage sobre intenções de voto em legislativas, que põe o Chega pela primeira vez à frente do PSD e o PS em terceiro lugar, José Luís Carneiro respondeu com uma pergunta: "Não há legislativas à vista, não acham estranho que essa sondagem tenha aparecido nesta altura?", atirou, afirmando que, nas sondagens que o PS tem, o Chega "aparece sempre em terceiro lugar".

A sondagem da Aximage, publicada na quinta-feira à noite, foi usada por André Ventura para dar força à ideia de que o seu partido está a caminho de ser poder.

Mesmo assim, no Conselho Nacional de sexta-feira à noite, Ventura manteve firme a sua disponibilidade para ser o candidato do partido às presidenciais, uma decisão que tomará (com carta branca do partido) até terça-feira.

No entender do líder do PS, há um interesse muito claro por trás daquele barómetro: "É uma tentativa para que um candidato putativo desista das presidenciais para que os votos da direita se possam concentrar noutro candidato", sugeriu, sem referir nunca o nome do candidato e ex-líder do PSD Luís Marques Mendes.

Em relação às eleições de 12 de outubro, Carneiro reforçou que tem a "convicção realista" de que o PS vai continuar a ser o partido mais votado e com maior número de autarquias. "Não queremos o número pelo número, queremos as autarquias para servir as populações", disse, afirmando que "o poder local é o coração da democracia e o PS é o partido do poder local".

"As autarquias são fundamentais para concretizarmos a nossa visão do país, na habitação, na saúde, nos transportes, na mobilidade, na educação para a cidadania e na autoconfiança das comunidades na democracia", disse o atual secretário-geral do PS que já foi autarca em Baião, defendendo que é freguesia a freguesia, autarquia a autarquia, que o PS voltará a conquistar a confiança dos cidadãos para voltar às vitórias em termos nacionais.