Alcoutim, no distrito de Faro, mantém-se como o concelho com menor densidade populacional do país, com quatro residentes por quilómetro quadrado (km2), enquanto a Amadora lidera no sentido inverso, revela hoje a Pordata. A um mês das eleições autárquicas, a Pordata, base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, divulga um retrato dos municípios portugueses que fica a partir de hoje disponível ao público.
Uma análise demográfica mostra que o concelho algarvio de Alcoutim mantém desde 2021 a menor densidade populacional em contraciclo com o da Amadora, distrito de Lisboa, município com mais residentes por km2 (7.637 habitantes). Lisboa, contudo, continua a ser o município com mais população nos valores globais, seguido de Sintra e Vila Nova de Gaia.
Entre 2021 e 2024, dos 308 municípios do país, 99 (32%) perderam população ativa (entre os 15 e os 64 anos) e apenas 120 aumentaram o número de jovens, destacando-se os municípios de Odemira (Beja) e Vila de Rei (Castelo Branco), com aumentos superiores a 12%.
Lisboa continua a ser o município mais populoso, com 575.739 habitantes em 2024, mais 30.569 do que em 2021, o que representa um crescimento de 5,6% acima da média nacional, seguido por Sintra (400.947 residentes) e Vila Nova de Gaia (Porto), com 312.984.
No ‘ranking’ dos crescimentos relativos, Óbidos (Leiria) registou o maior crescimento de população face ao último ciclo autárquico (2021), com uma subida de 10,5%, passando de 12.410 para 13.720 habitantes. Já Barrancos (Beja) apresentou a maior quebra proporcional, com menos 5,5% de população, caindo de 1.498 para 1.415 habitantes.
O retrato demográfico evidencia também um país a envelhecer, sendo Vinhais (Bragança) o concelho mais envelhecido, com 46,3% da população com 65 ou mais anos, quase o dobro da média nacional (24,3%).
Oleiros (Castelo Branco) foi o município que mais reduziu o índice de envelhecimento entre 2021 e 2024, embora continue a estar entre os mais envelhecidos do país.
No total dos 53 municípios em que houve redução do índice de envelhecimento, 25 são do Alentejo. Em sentido inverso, a Ribeira Grande, nos Açores, é o concelho mais jovem, com 143 jovens por cada 100 idosos, enquanto o Montijo é o que apresenta a maior vitalidade demográfica, com 85 jovens por cada 100 idosos.
No capítulo ambiental, Odemira (Beja) confirma-se como o maior município português, com 1.720,6 km2, enquanto São João da Madeira (Aveiro) é o mais pequeno (7,94 km2).
O concelho de Paredes (Porto) lidera em número de incêndios, com uma média anual de 320 ocorrências na última década.
O concelho alentejano de Moura (Beja) surge como exemplo positivo na gestão de resíduos, duplicando a recolha seletiva de 12% para 25,2% entre 2021 e 2024. Nos Açores, um total de seis concelhos - Calheta, Corvo, Horta, Santa Cruz da Graciosa, Velas e Vila do Porto - não enviam lixo urbano para aterro.
Alcoutim tem o maior número de espetáculos ao vivo face à população
O concelho menos povoado do país, Alcoutim, no Algarve, é aquele onde se realizaram mais espetáculos ao vivo, segundo a Pordata, que hoje divulga o retrato dos municípios portugueses, a um mês das autárquicas. “Alcoutim é o município onde se realizaram mais espetáculos ao vivo, face à população, com 130 sessões”, é um dos destaques que a Pordata fez, no resumo enviado às redações, antes da publicação do Retrato dos Municípios.
Alcoutim é o município com menor densidade populacional, quatro residentes por cada quilómetro quadrado, valor que não se alterou em 2024 face a 2021, e é o sexto concelho com menos habitantes, de um total de 308, com 2.401 pessoas, segundo o estudo.
De acordo com a Pordata, são considerados espetáculos ao vivo a atuação de artistas, num palco, não sendo contemplados bailes, cinema, desfiles, festivais gastronómicos, feiras e romarias e ateliês de espetáculos, entre outros.
Os dados que sustentam os destaques feitos pela Pordata inserem-se num projeto mais abrangente que a empresa disponibiliza hoje, para cada um dos 308 municípios portugueses, através de uma novaárea interativa na sua ‘homepage’, que terá um conjunto de 41 indicadores organizados por sete temas.
Um outro destaque no tema “acesso a serviços e cultura” indica que Arruda dos Vinhos, no distrito de Lisboa, era o município que, em 2023, tinha menos farmácias por munícipe: duas farmácias para os 15.322 residentes no município, quando a média nacional era de uma farmácia por cada 3.412 habitantes.
Ainda no mesmo tema, a Ilha do Corvo, nos Açores, o que menos habitantes tem em Portugal, é aquele com mais caixas de multibanco face à população: três caixas multibanco para 437 habitantes. A média nacional é de uma caixa multibanco para 863 habitantes.
A Pordata destaca que Lisboa e Porto concentram 14% do total de museus em Portugal, 15% dos recintos culturais e 15% dos ecrãs de cinema.
Na parte dedicada à educação, a base de dados realça que Cascais, no distrito de Lisboa, é o município com mais alunos de 1º ciclo no ensino privado em percentagem (75,6%). Ainda no mesmo tema, Vila Velha de Ródão, no distrito de Castelo Branco, é o município que registou maior crescimento no número de alunos, entre 2021 e 2024, passando de 240 alunos para 319.
Destaque ainda para o município que perdeu mais alunos em percentagem, Penedono, no distrito de Viseu, que passou de 1.057 alunos para 877. Mais de um terço dos municípios perdeu alunos entre 2021 e 2024, segundo a Pordata.
Em 29 municípios, mais de três quartos dos alunos dos cursos profissionais frequentam instituições de ensino privado.
No que se refere aos cursos científico-humanísticos, à exceção de Arruda dos Vinhos, no distrito de Lisboa, onde toda a oferta de ensino secundário é do setor privado, não há nenhum outro município com tão elevada proporção de alunos no ensino privado.
A Pordata tem ainda dados que sustentam que, entre 2021 e 2024, houve um aumento do número de crianças a frequentar o pré-escolar em 254 dos 308 municípios.
Em cinco deles (Corvo, Lajes das Flores, Almeida, Penamacor e Constância) o aumento foi superior a 50%.
A um mês das eleições autárquicas de 12 de outubro, a Pordata, base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, divide por sete temas o “retrato abrangente dos municípios portugueses”: população, educação, habitação, emprego e empresas, acesso a serviços e cultura, turismo e, por fim, território e ambiente.