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Na primeira reunião a dois, Montenegro quer dar um “banho de realidade” a Costa

“Parece que o primeiro-ministro e o Governo se dão mal com a maioria absoluta. Agora têm de decidir sozinhos, e é uma chatice”, disse o presidente do PSD ao Expresso, a meio do debate do Estado da Nação, que viu do seu gabinete na AR

No seu gabinete no Parlamento, Luís Montenegro assiste à intervenção de António Costa pela televisão

A campainha já soou no Parlamento há uma hora e meia para o arranque do debate do estado da nação quando o Expresso entra no gabinete de Luís Montenegro. O presidente do PSD, que não tem assento como deputado, segue o debate através da televisão. Em cima da secretária estão dois arquivadores: um para assuntos a tratar, outro para assuntos despachados. Ambos vazios. “Não, não tenho nenhum problema em assistir a estes debates aqui ou noutro sítio qualquer”, assegura, porque o que mais lhe interessa, “francamente”, é “falar com as pessoas” e “ter a possibilidade de percorrer o país”, como, de resto, prometeu que faria a partir de setembro. Não teria essa “disponibilidade” se fosse deputado. Diz-se “muito tranquilo”, porque, afirma, tem do lado de lá do corredor “uma boa representação” na bancada parlamentar.

Esta quarta-feira marcou a estreia de Joaquim Miranda Sarmento como líder da bancada. Uma escolha do novo líder, que apeou Paulo Mota Pinto, indicado por Rui Rio, após três meses no cargo. “Foi muitíssimo bom. Na primeira intervenção num debate desta envergadura mostrou à vontade, desenvoltura, capacidade oratória e sobretudo cadência e conteúdo, que contrastam bem com o primeiro-ministro, que é só forrobodó e folclore retórico”, avalia, de um fôlego. Após um almoço no edifício novo da Assembleia da República, Montenegro passou a tarde a defender Miranda Sarmento, que não conseguiu 60% dos votos dos deputados sociais-democratas (Mota Pinto tinha conseguido 92%). Com um perfil académico, o novo líder da bancada não tem experiência parlamentar, menos ainda a liderar. Em contramão com a grande maioria de políticos e comentadores, Miranda Sarmento foi, para Montenegro, “objetivo e rigoroso”, tendo colocado “as questões mais importantes” e falado dos “problemas das pessoas”.