O candidato à liderança do PSD Luís Montenegro afirma que nunca recusou debates, que diz adorar, e imputa a responsabilidade de não se realizarem nesta campanha interna ao seu adversário Jorge Moreira da Silva.“Quero que fique muito claro: eu nunca recusei debates, se há característica que me podem imputar é que adoro debates, tenho centenas de debates realizados”, afirmou Montenegro esta quarta-feira, numa sessão de apresentação dos seus mandatários distritais, em Lisboa,
A ocasião foi aproveitada por Montenegro para falar da “pequena querela” que tem marcado a campanha nos últimos dias, depois de Moreira da Silva o ter acusado de recusar debates e desafiado a reconsiderar.
Luís Montenegro, antigo líder parlamentar do PSD, detalhou que “havia dois debates pré-agendados”, um na próxima semana na rádio, dizendo que “só não se realiza” por que Moreira da Silva “não pôde confirmar”. “E outro na televisão esta semana, que por vicissitudes que têm a ver com o confinamento obrigatório a que o nosso oponente está sujeito por ter testado positivo à covid-19, não se pode realizar”, afirmou.
Montenegro prosseguiu a explicação, dizendo que “pelos vistos” o seu adversário interno retomará já na quinta-feira a campanha presencial. “Mas a verdade é que na segunda fomos confrontados com notícias de que tinha testado positivo e fizemos o exercício normal de partir do princípio de que esta semana não haveria essa disponibilidade. É só por isso que não há debates”, concluiu.
A candidatura já tinha adiantado na segunda-feira à Lusa que na próxima semana já não tem agenda para a realização de debates. Montenegro recusou que isso “seja um drama”, dizendo que já participou em 30 sessões com militantes e fará mais 20 e dará várias entrevistas.
Na mesma sessão, a dez dias das eleições diretas de 28 de maio, Montenegro disse querer fazer “um ponto da situação” da campanha, com muitos ‘recados’ ao seu adversário interno, Jorge Moreira da Silva.
“Temos sido muito acusados de ter poucas ideias, pouco pensamento para o país, mas a grande verdade é que se fizermos uma retrospetiva do que foi conhecido, são muito mais as ideias que temos lançado para o debate do que as que ouvimos dos outros protagonistas (…) Eu pessoalmente ainda não retive nada da biodiversidade política vinda da outra candidatura”, acusou.
Para o antigo líder parlamentar, “é muito bonito dizer que se tem ideias, que se tem pensamento, mas depois fica tudo na biodiversidade política que não chega a materializar-se numa mensagem que possa ser entendível”.
Sem mencionar neste ponto o nome de Moreira da Silva, Montenegro disse que também era preciso comparar candidaturas, e fez questão de resumir o seu percurso político e profissional.
“Eu não padeço nem de arrogância intelectual, nem de arrogância política, eu não tenho esses males, eu tenho efetivamente uma postura de humildade, de capacidade de saber ouvir, eu não nasci autossuficiente para poder sozinho mudar o mundo”, afirmou.
Dizendo querer contar com todos os contributos dentro e fora do PSD, Montenegro deixou a garantia de ter “um conhecimento muito transversal da vida do país e dos seus grandes desafios”.
“Com toda a franqueza e frontalidade para aqueles que queiram tentar: não pensem que me vão diminuir facilmente, eu não vou aceitar isso e vou contrariar com factos”, disse. Luís Montenegro lembrou, em particular, o seu percurso de 16 anos como deputado e seis anos como líder parlamentar do PSD.
“Eu estive no centro do debate político e da produção legislativa”, afirmou, dizendo ter tido “intervenção direta” em diplomas em todas as áreas, ter participado em muitas discussões orçamentais e até em processos de revisão constitucional. Dizendo não gostar de falar muito de si, Montenegro avisou, contudo, que não aceitará que lhe digam que não está preparado.
“Estou mesmo preparado e motivado para regenerar o PSD, para reafirmar o PSD e muitíssimo preparado - e preparar-me-ei ainda mais nos próximos anos - para ser primeiro-ministro de Portugal”, assegurou, dizendo que a partir de 28 de maio irá promover a unidade, mas hoje era preciso “dar nota” das diferenças entre os dois projetos que irão as votos nas diretas.