Reino Unido

Primeiro-ministro britânico garante que Reino Unido “nunca se renderá” à violência e intimidação da extrema-direita

Em reação ao protesto anti-imigração que sábado encheu as ruas de Londres, Keir Starmer frisou que não permitirá que as pessoas “se sintam intimidadas” por causa da sua “origem ou cor da pele”

Manifestação da extrema-direita em Londres teve momentos de confronto com a polícia
Anadolu

O primeiro-ministro britânico frisou que o Reino Unido “nunca se renderá” a manifestantes de extrema-direita que usam a bandeira inglesa como um símbolo para promover a violência e incutir o medo. Em reação ao protesto anti-imigração de sábado, que terá juntado pelo menos 110 mil pessoas, Keir Starmer condenou os ataques a agentes da polícia e a intimidação de minorias.

“A Grã-Bretanha é uma nação orgulhosamente construída sobre a tolerância, a diversidade e o respeito. A nossa bandeira representa o nosso país diverso e nunca a entregaremos a quem a usa como símbolo de violência, medo e divisão”, disse o primeiro-ministro, em declarações ao Guardian.

Na sua primeira reação à marcha de sábado, Starmer afirmou que “o direito ao protesto pacífico faz parte dos valores do país”, mas sublinhou que a violência e a intimidação são inaceitáveis.

“Não aceitaremos agressões contra polícias no exercício da sua função, nem que cidadãos se sintam intimidados nas ruas por causa da sua origem ou da cor da sua pele”, adiantou o primeiro-ministro, numa publicação na rede social X.

Maior manifestação nacionalista em décadas

A polícia metropolitana estimou que entre 110 mil e 150 mil pessoas participaram no protesto anti-imigração em Londres, descrito como a maior manifestação nacionalista em décadas. A concentração, batizada de Unite the Kingdom (Unir o Reino), foi organizada pelo ativista de extrema-direita Tommy Robinson.

Em paralelo, cerca de 5 mil contra-manifestantes participaram numa marcha contra o racismo, convocada em reação àquele protesto.

De acordo com as autoridades de segurança, registaram-se confrontos quando os dois grupos se aproximaram, estando separados apenas por barreiras metálicas e cordões policiais. Nessa altura, alguns apoiantes da extrema-direita tentaram furar a barreira, arremessando vários objetos contra a polícia, o que obrigou os agentes a intervir e a usar a força em vários pontos.

No total, 26 polícias ficaram feridos e 25 pessoas foram detidas por agressão e desordem. Entre os detidos ou procurados pela polícia está um homem filmado a dizer que “Keir Starmer precisa de ser assassinado” e que “alguém tem de dar um tiro em Keir Starmer”.

Elon Musk participou e deixou aviso: “A violência chegará ao país”

A manifestação contou ainda com a intervenção de Elon Musk, dono da rede X (antigo Twitter) e que integrou o Governo de Donald Trump. Por videochamada, Musk pediu a dissolução do Parlamento britânico, afirmando que a violência chegará ao país, caso não haja uma mudança de Governo (atualmente nas mãos dos trabalhistas).

As suas palavras foram amplamente criticadas por toda a oposição. “Elon Musk apelou abertamente à violência nas nossas ruas. Espero que políticos de todos os partidos se unam para condenar a sua retórica profundamente perigosa e irresponsável. A Grã-Bretanha deve manter-se unida contra esta clara tentativa de minar a nossa democracia”, afirmou o líder dos Liberal-Democratas, Ed Davey.