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Política

Jorge Sampaio: “Por amor de Deus, o problema da dívida está a meter-se pelos olhos adentro!”

Jorge Sampaio sobre a Europa e o papel de Portugal no contexto europeu, os Estados Unidos e Trump, o problema da dívida e o desempenho de Guterres enquanto secretário-geral da ONU, na entrevista publicada na Revista de 20 de janeiro de 2018

Pedro Nunes

Portugal tem espaço de afirmação política na Europa?

Não poderemos deixar de ter um caminho próprio e que se insira no quadro europeu. E não podemos dispensar estar à mesa da evolução da Europa e o mais acompanhados possível, por isso as cooperações estruturadas são importantes, como na defesa — nem concebia estarmos fora disso. Estamos na altura de consolidar o pós-crise financeira, é altura de ser demonstrado que é possível ter uma política que não dispense o consumo interno mas que tem de ter cuidado com as contas públicas. Nestes anos próximos, ou a UEM solidifica o crescimento e a capacidade de resposta ou não, e isto acaba por ser um conglomerado, perdendo-se o que melhor nos caracterizou no pós-guerra. Esse pós-guerra, que foi muitíssimo importante para a paz na Europa, começou por ser económico, depois político. É preciso que o ‘Brexit’ não seja banalizado e que não abra a porta para outros casos. Ficamos a 27, ponto, parágrafo. E a 27 temos de nos conseguir solidificar.

Está mais otimista no plano interno do que no externo.

No plano externo não estou otimista, porque há um conjunto de conflitos potenciais muito sérios, além de desafios globais, como a fome, as alterações climáticas, o ‘atentismo’ chinês, a relação da Rússia com a Europa, que está em banho-maria, e gravemente...

O trumpismo, como lhe chama, agudizou a situação.