Tornara-se numa ideia fixa: deixar as suas memórias da Revolução. O projecto até ganhara forma e contornos mais amplos e ambiciosos que os iniciais. Com a ajuda do filho Sérgio, que tanto se empenhara em preservar o testemunho do pai, a ideia evoluíra para uma série documental televisiva e para um livro de memórias. Já tinha uma equipa de investigadores (o jornalista Jacinto Godinho, a historiadora Maria Inácia Rezola e o autor deste texto), que apenas aguardavam autorização do próprio Otelo para darem início às entrevistas. Já havia uma televisão apostada em realizar a série (a RTP) e uma editora apalavrada para o livro (a Tinta da China). A data, a todos parecia óbvia o obrigatória: os 50 anos do 25 de Abril de 1974.
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As memórias do PREC que a morte de Otelo roubou
Otelo queria deixar as suas memórias da Revolução - ou melhor, sobre os dias que se seguiram ao 26 de abril. Não era sobre o golpe, mas sobre o PREC. Já tinha uma equipa de investigadores, já havia uma televisão apostada em realizar a série, já havia uma editora para publicar o livro. A data estava marcada: nos 50 anos do 25 de abril. Esta é a história do último projeto de Otelo, agora inacabado