A propósito do acordo feito nos Açores entre PSD e Chega, Jorge Moreira da Silva, antigo ministro de Passos Coelho, defende a realização de um congresso extraordinário no PSD "bem antes das eleições autárquicas e legislativas". "É imprescindível clarificar esta questão de identidade, não do PSD, mas da sua atual direção", escreveu o também ex-líder da JSD num artigo de opinião no "Público".
"Estamos perante uma alteração radical do posicionamento ideológico e programático do PSD e uma traição ao seu quadro de valores e princípios. Estamos perante uma metamorfose de uma amplitude tão grande que, num momento já muito frágil do sistema partidário (apenas 17% dos portugueses confiam nos partidos), pode iniciar um processo de acelerada degradação da base eleitoral do PSD", acrescentou Jorge Moreira da Silva.
Em tom crítico, o antigo ministro do Ambiente de Pedro Passos Coelho defendeu que "não se fazem acordos com partidos xenófobos, racistas, extremistas e populistas" e "com partidos que, por ignorância ou perversidade moral, propalam propostas incompatíveis com a dignidade humana". "Não se conversa, informal ou formalmente, e muito menos se negoceia com esses partidos".
Moreira da Silva assume ser "da velha escola", com a máxima de "quem ganha governa", lembrando o que aconteceu agora nos Açores e em 2015 quando nasceu a geringonça. "Continuo a achar que a solução de 2015, sendo constitucionalmente legítima, foi politicamente imoral, defraudando as expectativas dos eleitores. Não mudei de opinião".