Hugo Neto, líder da concelhia do PSD Porto, revelou, esta quinta-feira, o que já se adivinhava: irá apoiar a “título individual” Miguel Pinto Luz nas próximas eleições internas dos sociais-democratas. A estrutura política concelhia mantém-se, assim, neutral em relação às diretas agendadas para 11 de janeiro, replicando a posição da distrital do PSD Porto, presidida pelo deputado Alberto Machado, que já anunciou estar ao lado de Rui Rio, mas também a título pessoal.

Num almoço com a comunicação social, no Porto, onde não faltou à mesa a toalha laranja, ao lado do autarca de Cascais surgiu ainda Virgílio Macedo, ex-líder da Distrital local do PSD e que abdicou de entrar na lista de candidatos nas últimas legislativas, em sinal de discórdia com a orientação do presidente do partido. O último dos candidatos a anunciar a ida a jogo em janeiro conta ainda com o apoio de sete membros da comissão política distrital, entre eles o seu secretário-geral, Bruno Carvalho. O antigo vice-presidente do PSD Marco António Costa é outro dos apoiantes do autarca, mas acabou por não marcar presença no almoço.

Miguel Pinto Luz, tal como Rui Rio, afirmou não ter gostado da primeira parte do debate a três desta quarta-feira, na RTP, defendendo que não é benéfico para o partido a lavagem de roupa suja em público. “É mais aquilo que nos une aos três do que aquilo que nos separa. Por isso, devemos fazer balanços e assumir maus resultados passados, em vez de fazer lavagens que deviam ser feitas internamente, sem dramatizar”.

Apesar repetir que quer ser um líder agregador e que a sua maior vontade é unir o partido num momento de enorme clivagem, Pinto Luz não esconde que, consigo na liderança, haverá uma deriva reformista e uma aposta em novos rostos: “Represento o refrescamento, o país precisa de um PSD forte e diferente”. Aberto a novos debates a dois ou a três, o candidato pior colocado nas sondagens diz que tal não o surpreende, desde logo por ser “o mais novo, ter menor notoriedade”, nada que “o tempo não resolva”, avisa.

Para inverter a tendência, garante que irá duas vezes à Madeira, três aos Açores, e andará por todos as estruturas locais laranja, das maiores às mais pequenas. Numa piscadela de olho ao Porto, avança que o distrito é fundamental para a reconquista do PSD, que com Rio na liderança “perdeu dimensão política, não só no concelho como na área metropolitana”.

As autárquicas de 2021 são vistas por Pinto Luz como um potencial momento de viragem do partido: “A seguir às diretas, a primeira coisa que farei enquanto líder será escolher, dentro de casa, os melhores nomes para ganhar as eleições autárquicas, com caras novas e sem guerras intestinas internas, pois as questiúnculas resolvem-se em família, sem dar azo a que câmaras nossas voltem a ir parar às mãos de independentes, como aconteceu no Porto”.

Embora adiante não ter ainda um nome na cabeça para disputar a Câmara do Porto, afiança que o nome do candidato não irá depender da recandidatura ou não de Rui Moreira, que após dois anos de tabu revelou esta semana ponderar um terceiro mandato.

“A minha prioridade é somar, somar, para depois multiplicar, e o segundo pilar é regenerar”, frisa, prometendo que consigo ao leme o PSD deixará de ter um papel subalterno em relação ao PS, terá iniciativa política, um papel de charneira e uma agenda própria. Caso ganhe a corrida a Rui Rio e a Luís Montenegro, como acredita, afirma que os quer a seu lado desde a primeira hora. Recusa, no entanto, dizer se irá apoiar o ex-líder da bancada parlamentar ou o atual líder do partido, caso haja uma segunda volta disputada entre Rio e Montenegro. “Ficar de fora, é cenário que não coloco”, garante.