É um apaixonado pelo setor automóvel ao qual dedicou, quase em exclusivo, os 35 anos que já leva de carreira. No currículo de Miguel Fonseca, o atual diretor-executivo (CEO) da Salvador Caetano para as áreas da Mobilidade e Transição Energética, constam algumas das grandes marcas da indústria automóvel mundial, da Citröen à Ford, Fiat ou Toyota, quase sempre em cargos de liderança internacional. Qual foi o seu segredo? Talvez nunca ter pensado em cargos, mas sim em conhecimento e aprendizagem.
Natural do Porto e licenciado em Engenharia Mecânica, começou a carreira, ainda estudante, como jornalista especializado no setor automóvel. As competências de comunicação que acumulou na função, associadas ao conhecimento técnico da licenciatura, conduziram-no à Citröen. Tinha, confessa, “tinha um xodó especial pela marca nessa altura”, a família sempre tinha conduzido Citroëns, desde o tempo do seu avô.
Ao longo do percurso de carreira que construiu, Miguel foi agarrando outros volantes. Conduziu equipas na Ford Portugal, cargo que lhe abriu as portas a uma carreira internacional ao serviço da marca, em Espanha e, de forma mais ampla, na região da Europa. Regressou a Portugal em 1998 para presidir à Fiat, de onde saiu em 2001 para assumir funções executivas na Toyota em Espanha e, mais tarde, no Reino Unido. Chegou a vice-presidente de Vendas da Toyota Europa em 2010 e a presidente da Toyota Financial Services para a Europa e África em 2012, além de ter assumido funções de liderança nas áreas de Marketing, Vendas e Administração de Negócio em vários mercados internacionais.
Se alguma vez projetou este caminho? Não, “não tinha uma perspetiva do valor que tinha. Acho que todos passamos por essa fase”, recorda. Foram os líderes que apanhou pelo caminho a reconhecer o potencial de Miguel, antes mesmo que ele o conseguisse fazer. "Quando o presidente da Ford Lusitana, na altura o João Botelho Tomé, saiu da companhia convidou-me para almoçar. Disse-me: tens de evoluir nestes aspetos, mas tu um dia podes ocupar a minha posição. Eu achei que ele estava louco, mas fui para casa a pensar naquilo", recorda.
Acabou por fazer o caminho até ao topo, mas não sem riscos. "Aceitei várias vezes posições com menos responsabilidade, mais estreitas, pior pagas, porque acreditei que a nova função me ia inspirar mais, motivar mais e proporcionar crescimento que não teria onde estava", admite, acrescentando que "é preciso estarmos preparados a dar passos para trás, para o lado, para encontrar pilares com mais alcance". Mas, mais do que isso, sublinha, “é muito importante que as pessoas não se anulem, modifiquem ou se tornem arrogantes por um cargo”. Na carreira e na liderança, diz Miguel Fonseca, “é importante que consigamos definir o nosso próprio formato”, sem replicar ninguém.
O CEO é o limite é o podcast de liderança e carreira do Expresso. Todas as semanas a jornalista Cátia Mateus mostra-lhe quem são, como começaram e o que fizeram para chegar ao topo os gestores portugueses que marcaram o passado, os que dirigem a atualidade e os que prometem moldar o futuro. Histórias inspiradoras, contadas na primeira pessoa, por quem ousa fazer acontecer. Ouça outros episódios:
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