Na última semana, o Presidente da República afirmou que Donald Trump é, “objetivamente, um activo soviético... russo [sic]”. Disse-o sem hesitação, com tal à-vontade, como se a frase fosse apenas ligeiramente excêntrica e não, como de facto é, um precipício. Soou como gafe, foi tratada como delírio marcelesco, mas há na escolha das palavras uma inquietação que vale mais do que o escândalo. Porque, no fundo — e apesar do riso que provocou —, a tese de Marcelo não é nova. Circula há anos, em surdina: Trump não poderá ser um erro da democracia. É (tem de ser) um cavalo de tróia russo. Um presidente estrangeiro no seu próprio país, conduzido pela chantagem, pela dívida, por alguma informação comprometedora.
Exclusivo
Trump não precisa de conspirações
Dizer que Trump está sob o controlo de Moscovo é menos inquietante do que admitir que milhões de americanos — e não só — acreditam nele por vontade própria. Que o seguem, que o aplaudem, que o elegem, e que o farão de novo, se tiverem oportunidade