Descobri tarde o golfe e tenho pena. Dá-me um conjunto de sensações dificilmente igualáveis. Aprecio companhia quando aparece, mas não preciso dela para limpar os tacos e seguir viagem até aos campos favoritos. O golfe permite-me caminhar sozinho horas a fio por breves colinas e vales na companhia de chilreios de pássaros, visões de lagos, cheiros de relva e terra. Alimento os pulmões, respiro fundo, penso em nada. É um desporto conhecido pelo poder de enlouquecer. Anda-se o dia todo entre céu e inferno. Num momento sou sublime e sorrio e acho um desperdício que aquela minha jogada não tenha sido transmitida para todo o mundo. Noutro momento só quero partir os tacos, por não perceber como sou tão nabo, como pareço regressar ao primeiro dia.