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Opinião

Não nos atirem areia para os olhos

No tempo em que parecia impossível levar a tribunal os crimes de colarinho branco, formavam-se “sociedades” entre os jornalistas, que ganhavam as cachas, e os procuradores, que faziam justiça pela própria caneta. Essas “sociedades” continuam a existir e, dos julgamentos na praça pública, passou-se para operações cirúrgicas em cima de campanhas eleitorais, visando ora o PSD ora o PS. Talvez o povo já tenha topado a artimanha e não se deixe condicionar, como se viu na Madeira

A equivalência que se pode estabelecer entre os casos e as casas de Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos é sobre o que os afasta e não sobre o que os aproxima. E o que os afasta é uma questão política, não é a questão judicial inventada por uma averiguação preventiva que força a suspeita de que, para comprar casas, um e outro usaram quantias de dinheiro que, ao comum dos cidadãos, podem parecer absurdas. Percepção de pronto aproveitada, aliás, por André Ventura. Mas, já falaremos sobre o triste papel do Ministério Público, sempre pronto a interferir nos processos eleitorais. Olhemos, por agora, para a questão política que tanto os afasta, porque de um lado se pretende calar o assunto, seja sobre si próprio ou sobre o adversário, e do outro tudo dizer.