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Opinião

Que relação existe entre misoginia e extrema-direita?

Grupos misóginos equiparam-se, em capacidade de influência, a grupos neonazis ou jihadistas, que cultivam tais valores

Todos nós queremos pertencer a um grupo, ser interessantes e populares. A corrida ao chocolate do Dubai é um bom exemplo. Devem existir chocolates com pistácio, de vá­rias marcas, mas escaparam à crista da onda. O chocolate do Dubai vive a par da série “Adolescência” em popularidade. Nos últimos 10 dias, os meus feeds de Facebook e Instagram foram-se enchendo de postagens sobre ambos. Pensei que seria interessante ver a série, mas sem urgência. Eis que Bruno me envia o cartaz para o WhatsApp, seguido da frase “Já viste?”. Respondi que não tinha conta na Netflix. Mas ficou a bater. Na sexta-feira passada abri conta na dita plataforma. Quero saber de que se fala e por que se fala. Tal como o protagonista da série, não tenciono sentir-me excluída. É disto que se trata: inclusão, exclusão. Eu e os adultos que andam a correr para visionar a série estamos a comportar-nos como adolescentes. Pensemos: o que pode levar-nos a este comportamento de rebanho, a esta necessidade de ver todos o mesmo e ao mesmo tempo? A série estará na Netflix durante meses ou anos. Vemo-la para nos sentirmos incluídos, certo? Há conversa para o próximo jantar de amigos. Somos fixes e estamos atualizados. Alguém deveria ensinar-nos que está certo existir fora do rebanho. Assim, poderíamos ajudar os nossos adolescentes a gerir as emoções dolorosas próprias da idade. Na minha adolescência vi colegas tornarem-se fumadores e consumidores de droga para se sentirem parte de grupos. É preciso treino para se aprender a pagar o preço de não pertencer. Está bem sermos criticados. Será assim toda a vida.