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Opinião

Um dia feliz, a vitória de Trump e a fatura que virá

Poderiam ter sido poupadas milhares de vidas. Mas o estilo destemperado de Trump é mais assustador do que o jogo do costume. Em troca, o futuro pode ser o reconhecimento das pretensões mais radicais de Israel. Trump quer recuperar os acordos de Abraão, enterrando os palestinianos na areia dos interesses das ditaduras árabes e deixando-os entregues aos iranianos. O genocídio impedia diálogo com os árabes. Mas isto é o futuro. Agora, é tempo para celebrar a interrupção do massacre e a libertação dos reféns.

O acordo de cessar-fogo em Gaza não é muito distante ao que Hamas queria, há meses. E isso diz-nos que poderiam ter sido poupadas milhares de vida. Porque há meses que se sabia que nenhum novo objetivo militar ainda poderia ser conquistado. O prolongamento da guerra resultou de interesses políticos de Netanyahu e da espectativa de ver Trump chegar à Casa Branca. E o Hamas não foi aniquilado, porque nunca poderia sê-lo, com esta ação. Foi o próprio Antony Blinken a confirmar que o grupo “recrutou quase tantos novos militantes quanto perdeu”.