Estive na Síria, em 2006, quando se vivia mais um conflito entre o Líbano e Israel, e Damasco e Alepo eram invadidos por libaneses em fuga. Valendo o que vale o olhar superficial do visitante, mesmo que atento e informado, era evidente a natureza autoritária e laica do regime de Assad. As duas coisas. A brutalidade do regime era tão visível como a tolerância religiosa. A isso não será estranho o facto de a elite que concentrava o poder político pertencer a uma minoria, os alauitas (xiitas), herança de um poder colonial que soube garantir que os governos locais não dependiam do povo para dependerem dele.
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Síria: não é a vitória do bem contra o mal, é o mal menor que passou a ser o maior
Querem uma prova de que o mundo não se divide entre amigos e inimigos do “nosso modo de vida”? O Ocidente está a celebrar a vitória de descendentes da Al-Qaeda. Há 10 anos, Assad seria o menor dos males quando o caos lhe era alternativa. O banho de sangue de 13 anos tornou-o no pior dos males. Veremos se, derrubado o inimigo comum, regressa outra guerra ou outra tirania