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Opinião

A guerra em Israel tornou o seu telemóvel mais perigoso

O 7 de outubro libertou o spyware Pegasus. Um smartphone, mesmo desligado, pode gravar ou filmar. Cinquenta países têm o poder indiscriminado de espiar

Dizer que estamos todos sob vigilância é uma banalidade. Mas é uma banalidade que merece reflexão. Há dias, percebi que tinha estreado um novo documentário da coqueluche do jornalismo americano, Ronan Farrow, sobre o Pegasus — o spyware israelita que é capaz de roubar todos os dados de um smartphone, de fotos a mensagens do WhatsApp ou Telegram. Pior ainda: pode ativar secretamente o gravador e a câmara, fazendo do nosso telemóvel um espião ao serviço de sabe-se lá quem. Pode coletar passwords, uma profusão de dados do alvo e autodestruir-se. Para que isso aconteça, na última versão conhecida não é preciso sequer clicar num link. Já escrevi sobre o Pegasus, a propósito do assassínio brutal do jornalista Jamal Khashoggi. Nessa altura, o príncipe saudita Mohammed bin Salman tentou pressionar o dono do “The Washington Post”, Jeff Bezos, para abrandar a campanha mediática contra ele. Como este não foi na conversa, infetou-lhe o telemóvel. Poucos meses depois, a infidelidade de Bezos foi exposta num tabloide e um dos homens mais ricos do mundo foi obrigado a divorciar-se.