A história da indignação com anúncios de preservativos é longa, mas não tão rica como se pensa. À primeira vista, as pessoas que se enfurecem com anúncios de preservativos parecem pertencer a grupos diferentes, mas não é verdade. Nos anos 90, um reclame polémico mostrava um professor muito sisudo a exibir um preservativo e a perguntar a uma turma de jovens “de quem é isto?” Um a um, os jovens começavam a levantar-se e a dizer “é meu”, o que certas pessoas consideraram uma pouca-vergonha. Agora, mais de 30 anos depois, outro reclame polémico exibe uma castanha assada e tem a legenda “O pior é quando a descascas e vês minhoca”, o que certas pessoas consideraram uma pouca-vergonha. Tanto estes puritanos como os seus congéneres de há 30 anos pertencem ao mesmo grupo: o daqueles que, por não gostarem de qualquer coisa, sentem que têm o direito de exigir que ela desapareça. Nunca me aconteceu. Eu pertenço ao grupo dos que se borrifam em anúncios de preservativos e no que as pessoas fazem com eles. Somos poucos, mas bons. Se fosse indignar-me de cada vez que vejo um anúncio de que não gosto não me sobrava muito tempo. E se achasse que devia livrar o mundo de tudo o que não aprecio talvez não começasse por anúncios.
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Nós borrifamo-nos, os outros indignam-se e cancelam
Se fosse indignar-me de cada vez que vejo um anúncio de que não gosto não me sobrava muito tempo. E se achasse que devia livrar o mundo de tudo o que não aprecio talvez não começasse por anúncios