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Opinião

A criação de uma autocracia nos EUA: lições da Hungria

Em 2010, na Hungria, quando enfrentámos a ascensão de um autocrata, não havia nenhum precedente moderno no mundo ocidental com o qual aprender. Os norte-americanos têm agora uma ideia clara de como os novos homens fortes tomam o poder – e, portanto, uma oportunidade de se prepararem

Era uma vez um político que, depois de perder por pouco umas eleições para um adversário mais velho e com uma forma de falar mais branda, começou imediatamente a planear o seu regresso. Surgiram dúvidas sobre a sua elegibilidade, por parte do seu próprio partido e do público em geral, mas ele conseguiu reunir apoio e voltar mais forte, tendo unido o seu partido e, mais tarde, toda a ala direita do seu país. Ao sugerir repetidamente que a sua derrota eleitoral fora consequência de uma irregularidade, conseguiu apresentar-se como uma figura antissistema determinada a corrigir os erros do passado. Mais do que um líder partidário, tornou-se um símbolo, ora venerado, ora ferozmente odiado. A partir daí, a política do seu país centrou-se na opção de apoiá-lo ou de opor-se a este político.