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Opinião

O Presidente do drama

Se formos a votos, é preciso marcar eleições, fazer campanha, formar Governo e apresentar novo OE. Até lá, ficamos em duodécimos, Governo de gestão e incerteza. E se não houver maioria, voltamos à estaca zero. Se o Presidente disser que não há eleições, verá que tem OE. Se não for à primeira, será à segunda

À hora a que escrevo ainda não sei que “proposta irrecusável” Montenegro fez a Pedro Nuno Santos. Sei que, se uma linha vermelha ainda quer dizer o mesmo, o novo IRS Jovem, que até o “radical” FMI critica, e a descida cega do IRC terão de cair. O problema do IRS Jovem não é apenas ser injusto, regressivo, insustentável e provavelmente inconstitucional. É ser, na prática, irreversível e, por isso, um cavalo de Troia. A desigualdade dentro das empresas será insustentável. Nuns casos, trabalhadores mais velhos com a mesma qualificação e competência ganharão menos do que os colegas mais novos. Noutros, o empregador baixará o salário bruto de entrada para o líquido ser igual, o que tornará os trabalhadores com mais de 35 anos mais caros e, por isso, mais dispensáveis. A pressão para ultrapassar esta injustiça será enorme. Que Governo triplicará os impostos abaixo dos 35 anos? A única saída será alargar o modelo, levando a uma tal perda fiscal que tornaria o Estado social insustentável. E reduzindo drasticamente a progressividade. Não estamos a discutir pormenores de mais um Orçamento. Esta porta, “modela” ou não, é tão larga que só podia ser aberta por uma maioria convicta. Quanto à descida cega do IRC, não passa de uma caríssima fezada.