Acontece muitas vezes e voltou a acontecer nos Jogos Olímpicos. No fim de uma competição desportiva, o vencedor aponta para o céu e agradece a Deus. Isto é verdadeira fé. O desportista não se limita a acreditar em Deus. Ele acredita que Deus todo-poderoso, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, nos intervalos de governar o universo, tem tempo e paciência para acompanhar, digamos, a Liga 3 — e, após análise cuidada do jogo, interferir no sentido de o Lusitânia de Lourosa-Anadia terminar com a vitória dos anfitriões por 3-2 (após 1-2 ao intervalo). Bem sei, bem sei: até os cabelos da nossa cabeça estão todos contados. Ainda assim, talvez seja cómico imaginar que Deus — que, às vezes, por distracção ou inabilidade, permite que um tsunami destrua cidades inteiras — não se esqueça de premiar João Vasco Lima Santos de Miranda com a autoria do golo decisivo com que o Lusitânia de Lourosa bateu o Anadia.
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Pai, filho e espírito olímpico
O atleta crente revela que deve a sua vitória ao facto de ter uma entidade todo-poderosa do seu lado. Ora, assim também eu ganho. É doping metafísico