O futebol é um eco que a infância vai atirando para a banda sonora da vida adulta; é um sinal que vem de outro planeta, o som chega com cortes ou com a chuva da estática, mas as emoções estão lá completas e cintilantes, quer as emoções do jogo, aquele passe lendário ou aquela defesa de feiticeiro, quer as emoções que partilhámos com as outras pessoas, o choro coletivo ou aquele abraço que foi além da rotina social e que por isso não se esquece. Querem saber quão íntimas são duas pessoas? Vejam a forma como comemoram um golo da seleção num Euro ou Mundial. Neste dialeto familiar cerzido pelo abecedário da bola, eu preciso do meu velho, porque ele é o centro emissor do eco que me chega do passado e, mesmo hoje em dia, comunicamos através da comemoração do golo, falamos em silêncio através de abraços e apertos de mão que estalam no ar.