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Opinião

A Europa de Costa a contra-Costa

O que é esperado de Costa é que aguente o barco em mares revoltos com aquele ar impávido que lhe conhecemos tão bem. A única coisa de que ele precisa, supõe-se, é aprender a dizer “vamos lá ver” em outras línguas

Outro António de Lisboa, neste caso Guterres, foi eleito secretário-geral das Nações Unidas pela Assembleia-Geral, a 13 de outubro de 2016. O ambiente na sala foi magnífico. A embaixadora dos EUA, Samantha Power, proferiu um discurso que tinha escrevinhado minutos antes, ali mesmo numa cadeira à vista de todos, e no qual elevava aos píncaros o humanismo do ex-primeiro-ministro português e lembrava episó­dios do papel que ele desempenhara (e ela conhecera bem) durante a crise de Timor-Leste. As delegações da Federação Russa e da República Popular da China estavam ambas bem predispostas com a escolha: apesar do apoio dos americanos, Guterres não era visto como sendo um homem de Washington; e, apesar de vir da União Europeia, tampouco era de Bruxelas. A sua independência foi salientada por toda a gente.