No meio do caos provocado por duas guerras, é difícil ouvir as outras realidades, que, no meio das bombas, só conseguem sussurrar. Mas convém ouvir esses sussurros. Do ponto de vista intelectual e jornalístico, não há nada pior do que reduzir a realidade a uma única variável. Hoje quero falar em concreto do sussurro da Igreja, o sínodo, que promete mudanças fundamentais, porque o catolicismo, para citar António Júlio Trigueiros SJ, não pode ceder à “ideologia do retrocesso”, não pode ceder àqueles que julgam que a pureza da fé está nas missas em latim.
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O sínodo: acolher homossexuais, dar poder às mulheres
A Igreja não pode ser o gueto dos betos beatos que recusam a emancipação das mulheres na sociedade e na Igreja e que recusam a normalidade da homossexualidade; se ficar fechada neste gueto desejado pela Igreja americana e se recusar em consequência o reformismo que vem do catolicismo alemão, a Igreja transformar-se-á em definitivo na fortaleza dos fariseus. Terei gosto em atacar essa fortaleza, porque a verdadeira Igreja não é um forte fixo, é um hospital de campanha em perpétuo movimento junto dos invisíveis, junto daqueles que os fariseus apelidam de impuros