Geração E

A carreira de Moedas importa mais do que as carreiras da Carris

Há quem tenha acusado o Presidente da Câmara de Lisboa de vitimização, mas é injusto. Um dos sobreviventes à tragédia da Glória foi efetivamente Carlos Moedas

Carlos Moedas parece um treinador de uma equipa da Primeira Liga que, à 34ª jornada, chega aos 30 pontos: apesar de os dados mostrarem o contrário, está a tentar convencer as pessoas que a manutenção nunca esteve em causa. Numa altura em que a prioridade é apurar as causas de um incidente trágico, que sentido tem induzir as pessoas em erro em relação ao aumento do orçamento para preservação dos eléctricos e elevadores? O objetivo só pode ser um: a manutenção do seu emprego.

Também é possível que Carlos Moedas esteja em quiet quitting. O autarca, claramente, não gosta da profissão que tem. Durante esta crise, em vez de Presidente da Câmara de Lisboa, assumiu o papel de ilusionista: primeiro, fez-se desaparecer, com a ajuda das partenaires Marcelo e Montenegro; depois, tentou tirar um Jorge Coelho da cartola. É um político-mágico, um Marquês das pombas.

Há quem tenha acusado o Presidente da Câmara de Lisboa de vitimização, mas é injusto. Um dos sobreviventes à tragédia da Glória foi efetivamente Carlos Moedas. Pelo menos, as televisões têm mostrado repetidamente imagens deste homem a tentar salvar-se. Não ouviu o Presidente da República, que tinha tentado elucidá-lo quanto ao conceito de “responsabilidade política”. Marcelo, nesta crise, fez como as vending machines do Metro: engoliu Moedas. O que é certo é que Carlos Moedas gosta de alijar responsabilidades. Carlos Moedas gosta tanto de alijar responsabilidades que o seu futuro na política autárquica pode passar por uma candidatura a um concelho na região do Douro. O slogan é óbvio: "Alijar em Alijó".

Na verdade, o futuro político de Carlos Moedas é essencial para entendermos os últimos dias. O problema de Carlos Moedas é que está mais ansioso com a sua carreira do que com as da Carris. Está tão preocupado com o elevador da Glória como com a sua elevação a líder do PSD. Numa resposta a uma tragédia como a do elevador, um político não pode priorizar a salvaguarda das suas hipóteses de atingir patamares mais elevados. A não ser que queira ser chamado de ascensonso.