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Opinião

53. Palavra da semana: perce-vejo

O “perce-vejo” está mesmo a ver o que vai acontecer e quase nunca vê a coisa com bons olhos, é de Olhão mas já não está a ver bem o outro, e, nas restantes ocasiões, despacha o assunto com um “isso logo se vê”. Estão a ver?

Rasteja por toda a Europa uma praga de percevejos, mas não é desses simpáticos seres vivos que quero falar. A meio de uma conversa com um amigo, o uso de duas expressões semelhantes mas de sentido diverso levou-me à conclusão de que temos, enquanto povo, um grave problema de visão. Ou de falta de visão. De vistas curtas. De maus olhos. Ou, muito provavelmente, de mau-olhado. À mesa de um café, discutíamos um desses temas candentes da atualidade – conflito israelo-palestiniano, o valor das rendas no centro de Lisboa, a segunda época de Roger Schmidt no banco do Benfica – sobre os quais qualquer consenso é uma miragem, quando o meu amigo, à falta de melhor argumento, declarou que eu não estava a ver bem as coisas.