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Opinião

Se isto é a esquerda, então não obrigado

No dia 10 de setembro de 2001, eu não sabia se era de esquerda ou de direita, nem essa questão me interessava. E até estava num curso de História muito politizado. Mas, mesmo nas aulas, eu estava mais interessado em ler romances. A minha tese de licenciatura foi um filme que fiz com o meu amigo Bruno. A política do passado e do presente era insignificante ao pé da história de arte, do cinema, da literatura. Dizia e sentia coisas dispersas de direita, mas também de esquerda, que ainda hoje mantenho; marcas de “esquerda” no sentido clássico, iluminista e universalista: acreditava no direito natural e, por isso, não aceitava o relativismo da direita ‘reaça’, que cheirava a mofo; por outro lado, a classe e a pobreza eram variáveis fundamentais que me afastavam da direita snobe do dinheiro antigo e da direita libertária dos arrivistas que se esquecem de onde vêm. Neste quadro mental, eu poderia ter ido pela esquerda, até porque sociologicamente fazia mais sentido. Ah, também era ateu. Na minha família a igreja era tão exótica como a selva do Brunei.

Só que rebentou o 11 de Setembro.