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Opinião

A Matança dos Inocentes

Todas as guerras são iguais. As consequências serão diferentes

Um era vietnamita e o outro israelita. A conversa não era entre pares. Um era um israelita de uns 40 anos, em férias com a família, o outro um velho vietnamita que vendia bugigangas na areia. Estávamos numa praia. Há uns anos, os cidadãos de Israel estariam confinados e limitados nos destinos de férias pelo anátema do passaporte. Agora, restabelecidas as relações diplomáticas, era comum vê-los na Turquia ou até em Marrocos. Ser cidadão de Israel deixara de ser uma condenação. O vietnamita, esquecida a alcofa das bugigangas e falando um inglês habilitado, contava do orgulho de ter educado uma filha na universidade e recordava os duros tempos da guerra, em criança. Os pais tinham sobrevivido à guerra do Vietname, que parou em 30 de abril de 1975, quando os tanques do Exército do Vietname do Norte romperam pelos portões do Palácio Presidencial em Saigão. A caótica retirada da América ficou na História. Ho Chi Minh e o general Giap tinham derrotado o poder militar americano.

O israelita, que vigiava com um olho um dos filhos na água mansa, explicava que em Israel a guerra era uma constante, e que todos os adolescentes israelitas teriam de servir no Exército. As grandes guerras do país jaziam no passado e na memória e, à parte as tensões com os palestinianos, Israel vivia em paz. Ele tinha servido no IDF, Israeli Defence Forces. Escaramuças, guerrilhas. Estavam habituados a conviver com a ameaça. A vida corria melhor do que a dos pais, que tal como os do vietnamita tinham atravessado períodos de turbulência e violência bélica.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.