A bomba rebentou a 2 de maio, quando, de forma inédita, um documento do Supremo chegou à imprensa. O impensável ia acontecer: o caso Roe v. Wade, que levou a uma sentença em 1973 que deu às mulheres o direito de interromper a gravidez nos primeiros três meses e permitiu restrições no segundo trimestre e a proibições no terceiro, ia ser revisto. A reversão de decisões do Supremo, sendo rara, não é inédita. A novidade é servir para diminuir direitos individuais e não para os expandir. A regressão no direito ao aborto é uma raridade a nível mundial. 31 países expandiram o acesso legal ao aborto desde o início do século, apenas três o limitaram: Nicarágua, Polónia e agora os EUA.
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A caminho de Gileade, a luta pelos “nossos valores” começa do lado de cá
Meio século depois de Roe vs. Wade, cerca de 36 milhões de mulheres em idade reprodutiva deverão ser impedidas de recorrer ao aborto. É a maior reversão nos direitos das mulheres desde a II Guerra. Os próximos alvos serão os direitos LGBT. A luta pelos "nossos valores", que estão longe de ser de todos nós, está a acontecer na nossa casa. Os inimigos dos direitos das mulheres ou homossexuais estão no meio de nós. E nos EUA estão a vencer