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Opinião

Entrou na FDUL um século que por lá se desconhecia

A FDUL não é uma faculdade de assediadores e abusadores. Mas a sua cultura de ensino, de avaliação, de autoritarismo e de endogamia é indutora do abuso. Em cada vez mais instituições, uma nova geração que cresceu numa democracia madura e numa sociedade mais igualitária vai-lhes entrar pela porta adentro, mudar os móveis e partir algumas janelas. Antes de tudo, mulheres que não foram ensinadas a ignorar e sorrir quando são assediadas. E jovens que não compreendem o mundo que estes gerontes, alguns novos demais para o serem, tentam preservar

O Conselho Pedagógico da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL) criou uma comissão paritária de três alunos e três professores que criou um canal aberto a relatos de más práticas dos docentes. O resultado foi perturbante para quem nada sabe da casa: em apenas 11 dias, denúncias de 29 casos de assédio moral, 22 de assédio sexual, oito práticas discriminatórias de sexismos, cinco de xenofobia e racismo, um de homofobia. No total, 70 denúncias, 50 delas validadas como relevantes. A maior pare dos casos de assédio aconteceu presencialmente, mas também há utilização das redes sociais do e-mail. Incluem 31 docentes, o que corresponde a cerca de 10% dos professores a assistentes.