Em primeiro lugar, o PS. O PS, ou melhor, António Costa. O partido, ou ele, venceram em todos os círculos eleitorais (exceção da Madeira) e por todo o lado. No interior, nas aldeias, nas cidades, nos campos e onde houvesse um eleitor. Tem toda a legitimidade, todas as possibilidades. Tirou ao Presidente da República qualquer peso por ter convocado umas eleições que – pensava-se – para pouco iam servir. Nada disso: as eleições disseram que o povo quer o PS, por muito que a opinião publicada fosse diferente, por muito que as sondagens dessem resultados substancialmente diversos. O povo vai ter o PS por quatro anos no Governo e, se tudo correr bem a Costa, como tem corrido, o atual e futuro primeiro-ministro, pode bem em 2026 sair do Governo para Belém. Se quiser.
Em segundo lugar, o PSD. Ficou, como reconheceu Rio, longíssimo dos seus objetivos. Pior, ficou muito longe do que sinceramente pensavam os seus líderes, militantes e apoiantes. Ficou a milhas do que diziam as sondagens e os jornais. Ficou com um líder que não vê que utilidade tem. Ficou com muito pouco, mas vai ter muito tempo para se repensar.
Em terceiro lugar, os extremistas. Portugal votou ao centro, sobretudo ao centro-esquerda e depois ao centro direita. A Iniciativa Liberal, surpresa da noite ao passar sem cerimónia o Bloco e a CDU, reforçou os mais de 70% que o ‘centrão’ do PS e PSD contabilizaram. Desta vez, a maioria dos extremistas eleitos não são da nova nem da velha esquerda. São da direita bafienta. E o que mais espanta é que no BE ninguém se interroga sobre o que correu mal. Para que raio votaram contra um Orçamento quando (aqui sim) foram avisados que era um tiro no pé?
É estranho. Mas o facto de a CDU ter mais deputados do que o BE e a IL ter mais do que qualquer destes partidos é um sinal de que algo diferente se passa.
Como nota suplementar, registe-se o afundanço do PAN e o facto de Rui Tavares ter sido eleito. Para mim, são duas boas notícias.