Se a liderança é importante para uma organização é no meio, na massa de diretores que muitas vezes compõem as grandes organizações, que tudo se joga. A realidade é simples e bastante transversal. Se o escrutínio numa empresa costuma estar centrado na liderança e no novo colaborador, o chamado middle management passa relativamente despercebido.
Não me estou a referir ao gerente que intimida, que ameaça ou que tem mais mudanças de humor que um gato bravo. Esse gerente que altera o clima da organização e destrói a produtividade é um problema de recursos humanos.
Estou a referir os outros, os bons gerentes, bem-intencionados, que se sentem deixados de fora dos grandes momentos transformacionais da organização, a quem são comunicadas decisões e deles se espera um alinhamento perfeito com objetivos que não compreendem totalmente.
Quando esse momento transformacional é parte de um fenómeno global como a digitalização, onde o futuro da empresa está em jogo, convém olhar com a merecida atenção para as pessoas que na prática determinam o sucesso ou insucesso da sua empresa. As lideranças costumam ver o problema em termos de IT e procuram os melhores engenheiros que os possam ajudar, o que é parte da solução porque a solução mais eficaz reside precisamente em reinventar a organização e começando exatamente no meio da mesma, preparar o middle-management para focar a sua atenção na inovação em função do produto e do cliente.
Quando esse conjunto de gerentes no meio da hierarquia se sentem capacitados para “pensar” o cliente e novas soluções para responder às expectativas do mercado, a sua atitude torna-se pragmática e altamente focada. A capacitação dessas pessoas deve ser o centro do novo modelo de gestão, onde a descentralização a multifuncionalidade das equipas deve ser acompanhada da clara noção que os colaboradores estão autorizados a tomar decisões.
Então qual o papel do gerente?
Não é vigiar, não é interromper o colaborador para verificar se chegou a horas ou não toma muitos cafés... é apoiar, habilitar, treinar e capacitar as suas equipas para usar todas as ferramentas necessárias para dar resposta às expectativas do cliente.
Ao fomentar a experimentação, detetar pontos fracos e corrigi-los terá boas hipóteses de preservar postos de trabalho e manter a cultura, o conhecimento adquirido bem como a lealdade dos seus colaboradores.
Olhemos pois com mais atenção para os gerentes que temos, tornando-os parte da solução e evitando relega-los para o tradicional lugar do “chefe” que tudo trava, nada compreende, avesso à mudança, guardador da máquina de café e do cumprimento de horários e frenético elaborador de relatórios.