Exclusivo

Opinião

Normais e clássicos

Apesar da capa contemporânea enquanto retrato dos millennials, “Normal People” fez-me lembrar “Orgulho e Preconceito”, de Jane Austen, na forma como retrata um amor a ser armadilhado pelas diferenças sociais entre ele e ela. Tal como Elizabeth e Mr. Darcy, Marianne e Connell são censurados e autocensuram a sua paixão devido à pressão social de duas classes, duas nações sociais que coabitam em tensão numa pátria política

Num ambiente saturado com a questão identitária e biológica, a raça e o sexo, as pessoas acabam por esquecer outras lentes humanas, menos biológicas, mais imateriais e talvez por isso mais humanas, Deus e a fé, o apego à pátria ou comunidade, a classe social e a pobreza. Dou-vos um exemplo: há dias vi um documentário sobre a saga napolitana de Ferrante; uma mão cheia de autores e críticos consegue a proeza de não falar da pobreza e da classe social. Como é que é possível?