Segundo a Sociedade Portuguesa de Pneumologia mais de 50% dos portugueses tem um sono insatisfatório ou de má qualidade. Uma das perturbações mais comuns é a apneia do sono, que como conta Nuno Fontoura afeta a qualidade de vida a todos os níveis: "Acordava muito cansado exatamente por este sono fragmentado e que originava um ressonar que eu sentia muitas vezes". Este é um relato comum e como as restantes perturbações do sono, como a insónia ou o sonambulismo têm impacto direto na duração e qualidade de vida, ou seja, "o tempo total de sono está diretamente relacionado com a nossa longevidade", como explica Tiago Sá, médico especialista do sono que acrescenta que no caso da apneia relatada por Nuno Fontoura a privação está diretamente relacionada com "doenças cardiovasculares, aumento do risco de diabetes (...), patologia neurológica, a falta de sono afeta todos os sistemas e órgãos do nosso corpo".
São consequências que tomam outra dimensão quando analisados os números nacionais que mostram que entre 25% a 34% das crianças têm perturbações do sono e mais de 40% dos adultos dorme menos de 6 horas por dia.
As perturbações do sono têm sinais de alerta evidentes, que podem ser detetados pelo doente ou por quem o rodeia. No caso de Nuno, foi a mulher que deu conta de um "ressonar intenso", mas o médico Tiago Sá diz que para haver auto-identificação basta estar atento aos sinais, como "sonolência, dificuldade de concentração, cabeça pesada, aquela desatenção (...), alguma irritabilidade, temos mais dificuldade em controlar as nossas emoções e as nossas reações".
Apesar de em Portugal se tentar muitas vezes contornar problemas de sono com medicação, sendo que em 2022 se bateram recordes no consumo deste tipo de medicamentos, os especialistas explicam que este deve ser o último recurso. Mudar de hábitos e valorizar o sono, devem ser os primeiros passos, em alguns casos suficientes para alcançar resultados: "não variar muito os horários de ir para a cama, ter exposição solar nas primeiras horas do dia, que nos ajude a despertar, ter uma alimentação saudável, evitar o consumo de bebidas alcoólicas, de estimulantes, de cafeína, de nicotina", aconselha Tiago Sá.
Caso mudar de hábitos não resulte, os especialistas aconselham a procura de ajuda profissional.
Em Portugal, o número de pedidos de ajuda aumentou depois da pandemia, no entanto os estudos apontam ainda para um subdiagnóstico destas perturbações, acompanhado por um número de profissionais e meios insuficientes.
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