Com o aumento da esperança de vida, é um dado adquirido que vamos viver mais tempo. A solidão não desejada e o isolamento social são fenómenos que afetam particularmente as faixas etárias mais velhas, mas podem surgir em qualquer fase e têm vindo a assumir maior relevância na Europa nos últimos anos. É neste contexto que nasce o KORALE, projeto colaborativo cofinanciado pela União Europeia que visa melhorar as políticas públicas de combate e prevenção na área.
“A nível europeu, sabemos hoje que é um dos grandes desafios que vamos ter. Esse desafio de viver mais tempo leva a que tenhamos de ter a preocupação com a evolução da rede social que as pessoas vão conseguindo manter ao longo da vida”, aponta ao Expresso o coordenador do programa “Lisboa, Cidade Com Vida Para Todas as Idades”, Mário Rui André. “Não é só viver mais tempo e viver mais tempo na comunidade, mas é viver mais tempo na comunidade com condições e assegurando que as pessoas não entram em processos de grande vulnerabilidade e sofrimento.”
Ao longo de quatro anos, o projeto assentará na troca de experiências entre diferentes regiões europeias, reunindo parceiros de País Basco (Espanha), Viena (Áustria), Fingal (Irlanda), Aalst (Bélgica), Central Denmark Region (Dinamarca) e Lisboa – por cá, participam a Câmara Municipal de Lisboa e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Identificar e partilhar boas práticas, aprender com estratégias bem-sucedidas e reconhecer os fatores determinantes para a transformação são os objetivos.
Seis eventos de partilha de conhecimentos, visitas de estudo, workshops e seminários fazem parte do programa previsto. No âmbito da fase inicial, de identificação de boas práticas nas várias regiões, o Projeto Radar foi apresentado no primeiro encontro – que decorreu no final de junho em San Sebastián – enquanto “instrumento de cidade” que envolve a comunidade lisboeta na “identificação de pessoas em situação de isolamento e solidão não desejada”, conta Mário Rui André. No total, serão identificadas 24 boas práticas europeias.
Na fase seguinte, a ideia é compreender “quais são os fatores de sucesso e os fatores de bloqueio, ou seja, as barreiras e as dificuldades para implementar programas deste tipo”. Depois, o trabalho envolve avaliar de que forma é que esses fatores podem “ajudar não só a criar novos projetos, mas a alavancar projetos que já existem”. Um documento será publicado no final, daqui a quatro anos, com os dados recolhidos e um conjunto de recomendações sobre o tema para o panorama europeu.
Apesar de ainda estar no início, já foi possível perceber que o problema é “transversal” aos seis territórios envolvidos, mas Lisboa é a cidade que se encontra “em situação mais crítica”. Além disso, observa-se também que as “características socioculturais das próprias cidades” acabam por se refletir no tipo de projetos que se vão desenvolvendo.
Lançado em 2022, Longevidade é um projeto do Expresso – com o apoio da Novartis – com a ambição de olhar para as políticas públicas na longevidade, discutindo os nossos comportamentos individuais e sociais com um objetivo: podermos todos viver melhor e por mais tempo. Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (ver Código de Conduta), sem interferência externa.