Reino Unido

Embaixador britânico nos EUA demitido devido a ligações com Epstein

Peter Mandelson admitiu ter continuado sua relação com Epstein "por mais tempo do que devia" porque que confiou no multimilionário

Peter Mandelson e Keir Starmer
Carl Court

Peter Mandelson foi destituído do cargo de embaixador britânico nos Estados Unidos "com efeito imediato", na sequência de alegações sobre a sua relação com o abusador de menores norte-americano Jeffrey Epstein, comunicou hoje o Governo. 

Numa declaração no Parlamento, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros britânico, Stephen Doughty, explicou que, "tendo em conta as informações adicionais contidas nos emails escritos por Peter Mandelson, o primeiro-ministro solicitou à ministra dos Negócios Estrangeiros que o destituísse do cargo de embaixador."  

"Os emails revelam que a profundidade e a extensão da relação de Peter Mandelson com Jeffrey Epstein são substancialmente diferentes do que se sabia na altura da sua nomeação. Em particular, a sugestão de Peter Mandelson de que a primeira condenação de Jeffrey Epstein foi injusta e deveria ser contestada constitui uma informação nova", acrescentou. 

A pressão dos partidos da oposição e de membros do próprio Partido Trabalhista sobre o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, para demitir Mandelson aumentou nos últimos dias após a divulgação de vários documentos, entre eles uma carta em que o embaixador se referia a Epstein como seu "melhor amigo", bem como fotografias do diplomata com o magnata.

Também foi noticiado que Mandelson enviou mensagens de apoio a Epstein enquanto ele enfrentava acusações nos EUA, onde morreu na prisão em 2019 enquanto aguardava julgamento por tráfico e abuso sexual de menores.

Mandelson admitiu ter continuado sua relação com Epstein "por mais tempo do que devia" porque que confiou em Epstein.

"Os seus advogados afirmaram que se tratava de extorsão, uma conspiração criminosa. Confiei muito na sua palavra, algo que lamento até hoje", explicou.

Starmer defendeu Mandelson na quarta-feira, referindo que ele já tinha manifestado "repetidamente o seu profundo arrependimento pela sua relação com Epstein.

O atual embaixador britânico nos EUA foi uma figura-chave no Partido Trabalhista, pois ajudou Blair a vencer as eleições gerais de 1997 e depois ocupou as pastas da Economia e Irlanda do Norte. Foi ainda Comissário Europeu do Comércio sob a presidência de Durão Barroso. 

No entanto, foi demitido duas vezes do Executivo britânico devido a escândalos, o que motivou dúvidas na altura da sua nomeação no ano passado, quando Starmer escolheu uma figura em política em vez de um diplomata de carreira para o cargo em Washington. 

Epstein suicidou-se numa prisão de Manhattan, em Nova Iorque, enquanto aguardava julgamento em 2019, sob acusações de abuso sexual e tráfico de dezenas de jovens menores de idade.

A morte de Jeffrey Epstein, encontrado enforcado na cela da prisão, alimentou inúmeras teorias da conspiração, segundo as quais foi assassinado para evitar revelações sobre figuras importantes, incluindo o presidente norte-americano, Donald Trump.