Guerra na Ucrânia

Polónia deixa aviso e jornalista do Wall Street Journal fica em prisão preventiva: resumo do 772.º dia de guerra

Evan Gershkovich está preso há um ano, sob acusações dúbias de espionagem. Em Moscovo, o Kremlin insiste que a Ucrânia terá estado envolvida no ataque terrorista na sala de concertos de um centro comercial na cidade

Ana Baiao

As autoridades polacas deixaram um aviso à Rússia, na sequência de uma alegada invasão do espaço aéreo da Polónia por um míssil russo, na madrugada de domingo. À rádio RMF24, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros da Polónia, Andrzej Szejna, alertou que, caso a situação se repita, os sistemas de defesa da NATO podem abater os projéteis russos.

Segundo o The Guardian, Szejna afirmou que a Rússia “sabia que se o míssil se aventurasse para o interior da Polínia, seria abatido”, e que tal seria considerado um “contra-ataque”. “Vários conceitos estão a ser analisados pela NATO, incluindo que tais mísseis sejam abatidos quando se aproximaram demasiado da fronteira da NATO”, apontou o governante polaco, sem desvalorizar a necessidade de a Ucrânia aprovar a medida.

Após o incidente, o embaixador russo na Polónia foi convocado esta segunda-feira pelo governo em Varsóvia, para apresentar justificações sobre o caso, mas não respondeu ao pedido. Em vez disso, Sergey Andreyev disse à agência estatal de notícias russa RIA Novosti que os polacos não apresentaram provas de que houve, efetivamente, uma invasão do seu espaço aéreo.

Esta não é a primeira vez que a Polónia é ‘apanhada’ num incidente diplomático devido a projéteis usados na guerra na Ucrânia. Em abril de 2023, um míssil russo foi encontrado numa aldeia no norte do país e, em novembro de 2022, um míssil ucraniano caiu em outra aldeia no sul da Polónia, em Przewodów, matando duas pessoas.

Gershkovich fica em preventiva até 30 de junho

O jornalista norte-americano Evan Gershkovich, que está preso na Rússia por acusações de espionagem, vai continuar em prisão preventiva pelo menos até ao dia 30 de junho. Através do Telegram, citado pelo The Guardian, um tribunal de Moscovo confirmou a extensão da medida aplicada ao jornalista do Wall Street Journal, cuja detenção tem sido repudiada pelas autoridades norte-americanas.

A Casa Branca acusa a Rússia de usar Gershkovich como uma arma política, à semelhança do que aconteceu em 2023 com a basquetebolista Brittney Griner, para assegurar mais trocas de prisioneiros. O processo tem sido mantido sob elevado secretismo e desconhecem-se ao certo as provas que fundamentam a acusação de espionagem.

Evan Gershkovich foi detido em março de 2023, durante uma reportagem nos Montes Urais, e arrisca uma pena de até 20 anos de prisão. O repórter está retido na prisão de Lefortovo, na periferia de Moscovo, um local cujas duras condições têm vindo a ser denunciadas pela família e pela defesa de Gershkovich.

Outras notícias

> O Kremlin insistiu na sua teoria de que a Ucrânia terá sido responsável por orquestrar o ataque terrorista em Moscovo da passada sexta-feira, que fez quase 140 mortos. Às agências russas, o secretário do Conselho de Segurança russo, Nikolai Patrushev, afirmou que “é claro que é a Ucrânia” que organizou o atentado, reivindicado pelos jihadistas do Estado Islâmico de Khorasan.

> O Presidente ucraniano demitiu esta terça-feira o seu secretário do Conselho Nacional de Segurança, Oleksiy Danilov, tendo sido substituído pelo chefe do serviço de inteligência estrangeira, Oleksandr Lytvynenko. Não foram apresentados quaisquer motivos para a troca na pasta do órgão, que apoia Volodymyr Zelensky em questões de coordenação de segurança e defesa nacional, mas a decisão é o mais recente episódio na recente série de mudanças no topo da hierarquia militar ucraniana.

> As forças ucranianas estão numa situação “difícil” perto de Chasiv Yar, cidade onde a Rússia concentra a sua ofensiva, admitiu o exército do país. “A situação relativamente a Chasiv Yar é difícil e tensa e não é de hoje. É neste momento o foco das operações de assalto do inimigo para romper as nossas defesas e chegar à cidade“, disse o assessor de imprensa da 16.ª Brigada de Artilharia Ucraniana, Oleg Kalashnikov.

> França quer acelerar a produção de armamento para equipar os seus militares e exportar para outros países, garantindo o apoio à Ucrânia, disse hoje o ministro das Forças Armadas francês, Sébastien Lecornu. “Precisamos de mais armas e precisamos de ser capazes de produzir mais rapidamente e ajudar a Ucrânia como prioridade, mas também há mais países que precisam deste tipo de equipamentos para as suas necessidades", afirmou o ministro numa conferência de imprensa.

> Uma delegação de eurodeputados terminou esta tarde uma visita a Kiev, onde pediu apoio urgente para as autoridades ucranianas fazerem frente à invasão russa, através do fornecimento rápido e sustentado de armas e munições e da apreensão de bens russos.