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Toca a corrigir o currículo à pressa... falsos cursos causam demissões na política espanhola e abrem “guerra de títulos”

Revelação pelos jornais de dados falsos nos currículos de várias personalidades políticas desencadeia troca de acusações entre o PSOE e o PP. Controvérsia afeta também o partido de extrema-direita Vox

O socialista José María Angel era comissário do Governo espanhol para a reconstrução das infraestruturas afetadas pela tempestade do outono de 2024 em Valência
Jorge Gil/Europa Press/Getty Images

Una verdadeira febre revisionista tomou conta da classe política espanhola, embaraçada por investigações jornalísticas que trouxeram a lume abundantes casos de falsificação de currículos académicos de personalidades da primeira fila. Nas últimas duas semanas, três dirigentes de diferentes famílias políticas viram-se obrigados a renunciar a cargos públicos, por se ter descoberto que mentiram quanto ao seu percurso universitário.

A principal razão para o escândalo radica não tanto no engrossar artificial dos currículos, mas do uso generalizado da mentira como instrumento de promoção pessoal. Dezenas de altos funcionários e figuras públicas apressam-se, pois, a modificar os seus currículos, repletos, segundo diversos meios de informação, de exageros, mestrados inexistentes, títulos inventados, cursos não tirados ou plágios de teses. O alvoroço toca todos os partidos do espectro parlamentar e todos os níveis da administração pública, sem poupar qualquer orientação ideológica.

Os três demissionários são uma deputada do Partido Popular (PP, centro-direita), figura emergente desde o último congresso desta força política conservadora; o presidente do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, centro-esquerda) na Comunidade Valenciana; e um membro do governo regional da Extremadura, do partido de extrema-direita Vox, cujas intenções de voto têm crescido em todas as sondagens.

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