Espanha

Irmão de Pedro Sánchez, David Sánchez, vai a julgamento por tráfico de influências em Badajoz

Com David Sánchez, irmão do primeiro-ministro de Espanha, será julgado o dirigente do Partido Socialista (PSOE) da Extremadura, Miguel Ángel Gallardo

David, irmão de Pedro Sánchez
D.R.

O irmão do primeiro-ministro de Espanha, David Sánchez, vai ser julgado por tráfico de influências com outras dez pessoas, num processo relacionado com a sua contratação pela administração da província de Badajoz, liderada pelos socialistas, confirmou hoje a justiça espanhola.

Com David Sánchez será julgado o dirigente do Partido Socialista (PSOE) da Extremadura, Miguel Ángel Gallardo.

Em causa está a suspeita de que em 2017 foi criado um posto de trabalho propositadamente para David Sánchez na administração da província de Badajoz, numa altura em que Pedro Sánchez ainda não era primeiro-ministro, mas já liderava o PSOE.

A juíza que tutelou a investigação decidiu, num despacho de 22 de maio, que David Sánchez, Miguel Ángel Gallardo e outras nove pessoas deveriam ser julgadas, mas os acusados apresentaram recurso na Audiência de Badajoz, que foi hoje rejeitado.

A Audiência de Badajoz considerou que "existem indícios suficientes expostos no despacho alvo de recurso" para prosseguir com o processo e julgamento.

Segundo o despacho da juíza, os dez acusados vão responder em tribunal por tráfico de influências e prevaricação administrativa.

David Sánchez foi contratado para coordenar as atividades dos conservatórios da província de Badajoz, e o cargo foi criado para ele "a pedido, com certeza, de pessoa ou pessoas próximas", que sabiam que não tinha "trabalho estável".

O Ministério Público defendeu que não existiam indícios suficientes para acusação e pediu o arquivamento do caso, pedido que a juíza não aceitou.

O processo nasceu de uma queixa apresentada no ano passado pela associação "Mãos Limpas", ligada à extrema-direitaespanhola.

A mesma associação apresentou a queixa que levou à abertura de investigação à mulher de Pedro Sánchez, Begoña Gómez, por suspeita de tráfico de influências e corrupção, num caso ainda sem desfecho.

Pedro Sánchez e outros dirigentes do Governo e do PSOE acusam a direita e a extrema-direita de montar campanhas de difamação e "máquinas de lodo" para desestabilizar o executivo.

O líder do Governo afirmou que há juízes em Espanha "a fazer política", referindo-se aos casos do irmão e da mulher.

"Ainda que confiando na Justiça e que a imensa maioria de juízes faça bem o seu trabalho, há juízes que não são assim", disse Sánchez em 01 de setembro à TVE.

"Há juízes a fazer política e políticos que tentam fazer justiça, sem dúvida alguma. São uma minoria, mas provocam um dano terrível à justiça", acrescentou.

Para Sánchez, há juízes com "problema de desempenho, de instrução" que, "no fim, estão a pagar duas pessoas por serem familiares do primeiro-ministro".

Sublinhando que se tratam de "denúncias falsas" de "organizações da extrema-direita", Sánchez garantiu a inocência e a honestidade do irmão e da mulher e disse que espera que a justiça e o tempo "coloquem as coisas no seu lugar".